quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Oi (,) Prazer


Puxei os teus cabelos com força deixando os fios encaracolados deslizarem por entre meus dedos. Minhas mãos te apalpavam numa inexperiente tentativa de conhecer cada centímetro do teu corpo desconhecido a pouco mais de 20minutos. A minha língua, quase seca, percorria o teu pescoço, nuca e orelhas enquanto olhava teus olhos cerrados de prazer sentindo meu corpo junto ao teu. Minha boca encontrava a tua boca numa sincronia perfeita de um único beijo que durou quase toda a noite. Não tínhamos muito o que conversar. Não nos conhecíamos e nem parecíamos muito interessados nisso naquele instante. Os teus suspiros quentes quase que falados embaçavam minha orelha e só me faziam esfregar ainda mais o meu sexo em teu corpo. As roupas jogadas de canto revelavam dois corpos nus, excitados, loucos por alguns minutos de prazer. O suor molhava teu corpo e te dava um gosto salgado de sexo. Minha barba roçava o teu corpo enquanto apertava com uma das mãos o lençol azul daquela cama larga. Com a outra mão iniciava uma tímida e descontrolada masturbação que me arrancava gemidos desinibidos. Nossos corpos, entregues ao prazer do contato, mudavam sempre de posição numa tentativa frustrada de fazerem parte de um mesmo espaço. Olhar teu rosto de prazer ao se sentar em meu sexo me provocava pequenas e rápidas tonturas. Apalpava o teu corpo, agora um pouco mais conhecido, enquanto trazia tua boca de volta à minha. Nossas bocas pareciam não acompanhar a nossa vontade de ter um ao outro. Pensava nos vizinhos acompanhando os sons de nosso coito. Esquecia os vizinhos. Olhava novamente o teu rosto de prazer numa relação quase sádica estabelecida entre nossos corpos, entre os nossos sexos. A cada movimento teu, meu prazer aumentava em proporções até então desconhecidas naquela noite. Meu corpo se preparava para te molhar com meu prazer quando decidias parar tudo e voltar apenas a me beijar. Uma, duas, três tentativas bem sucedidas até que nossos suspiros de prazer se confundiram num mesmo gemido abafado que te jogou sob o meu corpo molhado, sujo e quente. Nossos olhos tentavam conhecer um ao outro. Sorrisos sem graça sorriam cada vez mais. Abracei teu corpo. Nos conhecemos de fato. Um cigarro na janela do quarto. Um banho frio pra tirar o cheiro de suor e porra. Um novo abraço e a expectativa para, quem sabe na noite seguinte, transarmos pela primeira vez.

2 comentários:

  1. Bom demais, esta crônica... digamos assim...

    Se fosse um texto extremamente baiano, diria, 'suor e gala.' rs rs

    Estou adorando sua assiduidade em 'contos de esquina'...

    Bjinhos

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  2. Um noite de loucura, uma noite de entrega entre dois desconhecidos que se tornaram exploradores e... passaram a ser conhecidos.
    :)

    fica bem

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